11 de novembro de 2009

Basilica di San Marco - Veneza


A derrota da frota de Pepino, rei dos Francos, na laguna vêneta, no ano de 810 pode ser considerado o marco decisivo da fundação do Estado Veneziano. Tão logo passou o perigo o doge Agnello Partecipazio transferiu a sede do governo para uma ilha no centro da laguna, chamada de Rivoalto, onde já se refugiava grande número de vênetos que escaparam dos centros invadidos pelos Francos. A lenda nos conta que dois comerciantes vênetos se apropriaram dos restos mortais do evangelista Marco, retirado secretamente da Alexandria, onde estava enterrado e transladado por mar até Veneza no ano de 828, no período de governo do doge Giustiniano. Esses espólios do santo foram inicialmente conservados em uma capela do próprio palácio ducal onde vivia o doge e onde também funcionava a sede do governo. Em honra ao santo, que passou a ser o patrono da cidade de Veneza em substituição a S. Teodoro, foi construída uma igreja ao lado do palácio do doge, chamada posteriormente de Basílica de S. Marco, sendo consagrada no ano de 832 por Orso Partecipazio, bispo de Olivolo. No ano 976 ela foi destruída, juntamente com inúmeras casas, em um grande incêndio provocado por tumultos populares em protesto à tirania do doge Pietro Candiano IV. Foi rapidamente restaurada no prazo de dois anos, embelezada com revestimentos de mármore e decorações, pelo sucessor doge Pietro Orseolo, conhecido pelo apelido de “O Santo”. Esta nova basílica, muito mais rica e decorada foi consagrada no ano de 978, passando de uma capela privada do doge para uma grande igreja do Estado. Com o passar dos anos, devido à necessidade de mais espaço em seu interior ela e a outra vizinha consagrada a São Teodoro foram demolidas. No local a partir de 1063 ela foi reconstruída pelo doge Domenico Contarini, dando lugar a uma só construção, de maiores dimensões, que seguia o modelo da Basílica de Constantinopla, com aproximadamente as mesmas linhas arquitetônicas da atual: construção em cruz grega com cindo cúpulas sustentadas por quatorze pilastras. A parte de construção foi concluída no ano de 1071. Durante o governo do doge Domenico Selvo foi dado início da colocação de revestimentos e ornamentos em mármore, além dos famosos mosaicos, os quais continuaram a ser trabalhados por mais trezentos anos. O edifício foi solenemente consagrado em 08 de outubro de 1094 durante a visita do Imperador Henrique IV. Entre as maiores relíquias que ela guarda citamos a Pala d´Oro que adornava o altar maior, mandada confeccionar em Bizâncio pelo doge Ordelaffo Falier, a qual foi concluída em 1105. Aos poucos esta Pala foi sendo acrescida de mais ornamentos finos e pedras preciosas, transformando-se nos governos seguintes doges Pietro Ziani (1209) e Andrea Dandolo (1343/1354). Depois da IV Cruzada foram colocados na fachada da Basílica os quatro belíssimos cavalos de bronze trazidos de Constantinopla. Cada governo seguinte, com o acréscimo de novas construções, ornamentos e decorações foi tornando a Basílica na grandiosidade artística que conhecemos hoje. A Capela Ducal, Igreja de Estado e paróquia durante a Sereníssima Republica de Veneza contava para a sua administração com um Capitulo de doze canônicos presididos pelo Primicerio, o qual tinha privilégios de abade, enquanto que a cura das almas estava a cargo de dois canônicos, chamados “sacrestani”. A sua administração, o financiamento de tudo que era necessário para o funcionamento e manutenção do edifício, era providenciado pelo doge e por dois procuradores, os quais gozavam de alto prestigio na República. Todos os trabalhos de construção e restauro eram projetados e dirigidos por um arquiteto, conhecido como “Proto”, cargo que no decorrer dos séculos foi exercido por figuras do porte de Giorgio Spavento, Iacopo Sansovino e Baldassare Longhena. A Capella Musicale di San Marco gozava de grande prestigio, tendo as suas custas um maetro responsável, grande número de cantores e músicos. A partir do ano de 1613 Cláudio Monteverdi foi seu maestro por mais de trinta anos.

Fonte: Arquivo da Federação Vêneta La Piave FAINORS
Dr. Luiz Carlos B. Piazetta
Erechim RS Brasil

3 de novembro de 2009

A Peste Negra em Veneza



A Peste Negra ou peste bubônica é uma doença transmitida pelas pulgas que infestam os ratos e, por ocasião e uma grande mortandade destes roedores, elas atacam os seres humanos. Esta doença de rápida propagação causou várias pandemias no decorrer da história. No passado Veneza foi atingida por inúmeras epidemias de peste, mais de 69 vezes entre os anos de 954 e 1793, apesar de um sistema avançado de controle sanitário. No entanto, as duas grandes epidemias de peste que ceifaram a vida de milhares de pessoas foram aquelas que deram origem às igrejas do Redentor e a Igreja de S. Maria della Salute, erigidas em agradecimento após o término das epidemias de 1575/1577 e aquela de 1630/1631 respectivamente. Na primeira a população da cidade, estimada em 195.000 pessoas, passou para 135.000 com a morte de aproximadamente 60.000 pessoas. Na segunda a população foi reduzida de 142.000 habitantes para 100.000 com a morte de 42.000 pessoas. Os enfermos eram tratados às custas do Estado isolados em uma ilha chamada de Lazzaretto, nas vizinhanças da cidade.

Fonte:
Arquivos da Federação Vêneta La Piave FAINORS
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS Brasil


Liga de Cambrai



No ano de 1509 a próspera Sereníssima República de Veneza era invejada pelas outras potências européias, que se uniram para destruí-la e apoderar-se de suas riquezas. Em 10 de Dezembro de 1508 formaram a coalizão contra Veneza com o estímulo do Papa Júlio II: o Reino da França, o Império dos Habsburgos, a Coroa da Espanha com Fernando de Aragon (Reinos de Nápoles e da Sicília), o Ducado de Ferrara, o Marquesado de Mantova, o Reino Pontifício, o Reino da Hungria e o Ducado de Savoia. Para enfrentar esse formidável exército a República de Veneza com imensos esforços reagiu formando um grande exército jamais até então visto na península italiana. Mesmo assim na Batalha de Agnadello, nas proximidades de Cremona, em 14 de Maio de 1509, Veneza foi derrotada e também a frota veneziana foi vencida na Batalha de Polesella. As cidades vênetas localizadas na terra-firme foram invadidas, com os nobres entregando ao inimigo a maior parte das cidades. A cidade de Treviso desde o início recusou a se entregar aos invasores. O mesmo se deu com Udine resolveu ficar do lado da Sereníssima. Rebeliões populares de resistência aconteceram e vários locais. Veneza colocou o condottiere Gritti como comandante dos seus exércitos e fez um grande esforço para sustentar o esforço de guerra conseguindo doações de tesouros particulares e também do estado. Gritti reagrupou as tropas venetas e partiu para a reconquista de Padova. A seguir com o auxílio da sua habilíssima diplomacia conseguiu quebrar a aliança que existia entre os seus inimigos, fazendo a desistência do Papa Júlio II que passou a combater a França, criando a Liga Santa junto com a Espanha e Sacro Império Romano. Assim, aos poucos, A Sereníssima República de Veneza foi recuperando todos os seus antigos domínios tendo combatido a Liga de Cambrai até o ano de 1511.

Fonte: Arquivos da Federação Vêneta La Piave FAINORS
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS Brasil